19 de novembro de 2024
07 de junho de 2017
A motivação no trabalho necessita de ambiente propício
Como está o ambiente da sua empresa? Diariamente, recebo centenas de correspondências virtuais e nos últimos tempos resolvi observar atentamente o conteúdo de cada mensagem. E, com isso, tenho constatado que em torno de 50% dessas propagandas dizem respeito a cursos e treinamentos voltados para liderança e motivação.
Diante dessa constatação, decidi desenvolver uma reflexão sobre o motivo que leva diversas empresas a fazerem desse tipo de atividade um meio de sobrevivência. E, além disso, será que esses treinamentos motivacionais ou de liderança proporcionam resultados concretos aos participantes (pessoas físicas ou jurídicas)?
Cotidianamente, lemos e ouvimos dizer que os funcionários devem estar motivados para trabalhar. Pois bem, ao falarmos com os empresários sobre o assunto, estes dizem que mesmo remunerando bem, se uma determinada atividade no estabelecimento não é comissionada, o funcionário não tem interesse. Então, o que realmente motiva uma pessoa a produzir mais e melhor? Será o salário? O reconhecimento? A possibilidade de ser promovido? Ou o ambiente de trabalho? Por dentro do assunto: A HCM te dá 6 dicas para monitorar os indicadores de produtividade na sua empresa Patrocinado
É claro que não há uma resposta única para tantos questionamentos, mas posso afirmar que não existem pessoas motivadas apenas pelo salário, assim como é quase impossível esperar que uma pessoa se torne motivada ou sinta-se valorizada após participar de um curso ou assistir a uma palestra motivacional.
Ao observar o comportamento de alguns profissionais que atuam nas grandes corporações do nosso segmento, posso concluir que a motivação está diretamente ligada ao ambiente de trabalho. Comparativamente, noto-os mais motivados do que os colegas que trabalham nas drogarias independentes que, sabidamente, praticam uma remuneração salarial maior – que, a bem da verdade, é o único benefício oferecido aos colaboradores, pois o ambiente de trabalho é aquém do desejável.
Invariavelmente, o empresário dedica a maior parte do seu tempo para reclamar da situação financeira da empresa, deixando uma pequena parte exclusivamente para promover terrorismo junto aos seus colaboradores em função da realidade enfrentada pela empresa.
Muitas vezes observamos nas pequenas empresas o descumprimento das leis trabalhistas, principalmente no que tange à remuneração, pois é muito comum parte do salário do funcionário não constar no registro em carteira de trabalho. Ou seja, aquilo que é oferecido a mais do que ganha um colaborador de uma grande cadeia é entendido pelo funcionário de forma diferente. Neste caso, ele nota que seu patrão, além de não cumprir com as obrigações trabalhistas a que tem direito, ainda se beneficia dessa lamentável situação.
Diante dessa realidade, se o ambiente de trabalho não é o ideal, se o funcionário sente-se lesado pelo empregador e possui limitações para almejar promoções em empresas de ambiente familiar, será mesmo que existe alguma maneira eficiente de motivá-los?
Não tenho dúvidas que sim, mas antes de pensarmos em motivarmos nossos funcionários devemos buscar mecanismos que também nos motivem. É certo que não resolveremos a situação assistindo a palestras ou fazendo cursos motivacionais, e sim promovendo uma verdadeira transformação no ambiente de nossas empresas. Para isso, devemos mudar nossa postura. Devemos entender, por exemplo, que quem dita as regras do mercado é o próprio mercado, e não adianta acharmos que em nossas empresas as coisas podem ser diferentes. Mas, o que regem algumas regras de mercado a esse respeito?
1) Para a maioria das atividades ligadas ao varejo, as grandes cadeias contratam um público jovem e a qualificação dessas pessoas é feita dentro da própria empresa;
2) Além do salário mensal, as grandes cadeias oferecem treinamentos contínuos para os funcionários, buscando a valorização do indivíduo;
3) Todos os benefícios obrigatórios (vale transporte, vale refeição, registro em carteira, etc) por lei são respeitados;
4) A empresa é respeitada e admirada pelo consumidor.
Em suma, a minha reflexão nada mais é que o retrato de uma realidade que presencio diariamente, em que muitos empresários dizem não conseguir promover as mudanças necessárias para o novo modelo de comercialização em função da resistência que encontram junto a sua equipe de colaboradores.
Ouvi muitas justificativas para a impossibilidade de se alterar a forma de remuneração, porque os atendentes só aceitam melhorar o desempenho se forem comissionados. Não raro, também chegaram até mim diversos relatos apontando a necessidade do empresário realizar em sua empresa cursos de motivação para promover tais mudanças.
Enfim, o fato é que nenhuma dessas ações irá funcionar, até por que – como já dissemos – as pessoas só se sentem realmente motivadas, com garra, ânimo e disposição para trazer cada vez mais ótimos resultados, em ambientes propícios. Sendo assim, a pergunta crucial que deixo para a sua reflexão é: Como está o ambiente da sua empresa?
Edison Tamascia – Empresário do varejo farmacêutico há 40 anos. É presidente da FEBRAFAR (Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias) – www.febrafar.com.br – , da rede de Drogarias Ultrapopular e da administradora de redes Farmarcas