Farmácias pelo Brasil já começaram a realizar os testes rápidos para detectar anticorpos do novo coronavírus, mas a testagem ainda preocupa os especialistas.
Uma rede de Fortaleza começou a oferecer testes rápidos de Covid-19 essa semana. Os testes são feitos com a pessoa dentro do carro. Uma farmácia de Belo Horizonte reservou uma sala para realizar os exames.
As duas redes fazem parte da Abrafarma, que reúne 8 mil das 79 mil farmácias do país e é a favor dos testes. A associação publicou um protocolo de procedimentos para os exames.
Nele, reforçou o que a Anvisa já havia informado que “resultados negativos não excluem totalmente a infecção por Sars-Cov-2 e resultados positivos não devem ser utilizados como evidência absoluta de infecção, devendo ser interpretados por um profissional de saúde”.
A liberação dos testes em farmácias é vista com preocupação por parte do próprio setor. A Febrafar, outra associação que reúne 10 mil farmácias no país, recomenda evitar os testes rápidos por falta de espaço apropriado nas farmácias, e por entender que isso aumentaria o risco de contaminação de funcionários e clientes.
“Se você está trazendo para dentro do seu estabelecimento um paciente para fazer teste, ele já tem uma alta probabilidade de estar contaminado. Você tem toda uma necessidade de desinfecção, de limpeza, de preparação para o próximo paciente para evitar uma contaminação de novas pessoas que estão vindo. E depois toda a nossa equipe acaba estando exposta também”, destaca Edison Tamasci, presidente da Febrafar.
A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, que reúne grandes laboratórios do país, disse que, segundo a resolução da Anvisa, as farmácias terão que seguir as mesmas exigências dos laboratórios. E pediu fiscalização para garantir a segurança dos clientes.
Hoje, os exames rápidos já são oferecidos em alguns laboratórios. Segundo a associação todos têm registro da Anvisa, mas nenhum passou por testes de validação. “Esses ainda não têm validação. E é isso que a gente vai apresentar, em breve, vai disponibilizar uma lista pública de testes validados”, destaca Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.
A Anvisa informou que registrou até agora 41 testes rápidos. Desses, só oito foram analisados pela Fiocruz e, segundo a agência, demonstraram resultados satisfatórios. A Anvisa afirmou ainda que a autorização só ocorre depois de comprovadas as boas práticas de fabricação e avaliações técnicas. E que qualquer desempenho não esperado deve ser notificado à agência. Segundo a Associação de Laboratórios, os testes validados só estão disponíveis na rede pública.
O virologista Amilcar Tanuri, da UFRJ, diz que os testes rápidos podem ser importantes para o acompanhar a evolução da doença, mas que é preciso a análise de um médico. O exame pode dar resultado falso se for feito na chamada janela imunológica, o período que a pessoa infectada leva para produzir anticorpos.
“De zero a sete a dez dia, se a pessoa der um resultado negativo, ela pode estar ainda na verdade expelindo vírus pelo espirro, pela tosse, pelas secreções respiratórias e ela está infecciosa no caso. E se ela encontrar com uma pessoa suscetível e ela pode transmitir o vírus”, destaca.
Fonte: Jornal Nacional – https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/05/02/testes-rapidos-para-coronavirus-comecam-nas-farmacias-mas-ainda-preocupam-especialistas.ghtml